segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Para Amar uma Mulher


Um anjo não pode enamorar-se e nem fazer enamorar;
sendo-lhe imposta tal vedação e sua angélica condição, não pode ao menos atirar flechas.
Somente o coração humano é capaz de apaixonar-se, mesmo que ao mesmo tempo seja capaz de odiar; solitariamente, só o coração de um homem é capaz de amar, mesmo quando é tomado pela ira ou pela raiva.

Não que assim se quer, mas para amar uma mulher é preciso ser homem.

Um poema não pode demonstrar afeto real,
Pois que limitado e aprisionado a sua triste forma de ser;
Não obstante, ele é fruto de corações benignos, que se contentam em oferecer um verso, frustrados por não conseguirem dar o universo.
Somente as doces palavras são eficazes contra a amargura, mesmo quando só tenhamos palavras duras, sacrificar-nos-emos pelo bem amado.

Não que assim se quer, mas para amar uma mulher é preciso ser poeta.

Uma pedra, nem um coração de pedra, é duro o suficiente para amar;
De forma que a dureza é fundamento da sensibilidade, e o verdadeiro amor possui alicerces de eternos princípios e razões.
Quebranta-te enquanto te é tempestivo, que em pouco bate a tua porta o amor.

Não que assim se quer, mas antes de amar uma mulher é necessário que se aprenda a amar uma flor.
“Ladrões de Inocência



Poucos sabem que a virtude do homem não está em que seja ele bom, mas sim em que possa controlar sua maldade. Neste ponto ideológico se coaduna a concepção de um homem mau por natureza, do filósofo inglês Thomas Hobbes, e as Escrituras Sagradas que narram o fato desencadeador de todo o sofrimento e degradação do ser humano: o aproveitamento do livre arbítrio para a desobediência do mandamento de Deus. Este marco do mundo fenomênico possibilita a concordância em face deste embate, ou seja, desde então o homem passa a possuir uma natureza corrompida e corrupta.
A lei nada mais é do que a frustrante tentativa de deter os impulsos maliciosos da humanidade imperfeita. Tudo o que ela tem colimado ao longo dos séculos resume-se ao desiderato, talvez inalcançável, de conter o exercício macabro das astutas habilidades do homem natural.
Este homem é prole da concupiscência, é herdeiro da pecaminosa natureza adâmica; sendo incapaz de controlar seus desejos, freiar suas emoções, aplacar suas iras. Este ser, outrora semelhante ao Criador, passa a coabitar com a injustiça e a tê-la como principal companheira. Diante disto, depreendemos a necessidade do arrependimento por meio do sacrifício vicário do Senhor Jesus; sendo que por seu intermédio o Espírito Santo passa a governar o ser humano, assistindo-o em suas fraquezas e fortalecendo-o para resistir às mais repugnáveis tendências da alma e da carne.
Não obstante tal oportunidade de redenção e rendição, a bíblia, em sua honestidade, fala sobre dias em que sobrevirão tempos trabalhosos; porque haverá homens amantes de si mesmos, avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a pais e mães, ingratos, profanos, sem afeto natural, irreconciliáveis, caluniadores, incontinentes, cruéis, sem amor para com os bons, traidores, obstinados orgulhosos, mais amigos dos deleites do que amigos de Deus, tendo aparência de piedade, mas negando a eficácia dela (II Tm. 3:1-4). As palavras de Paulo aludem aos dias hodiernos, haja vista a multiplicação da maldade do homem e das aberrações por ele praticadas; pois que não servem ao Amor e muito menos entendem o sacrifício de Jesus.
Infelizmente os “ladrões de inocência” têm sido os protagonistas deste quadro de homens desafeiçoados e de dura cerviz. Estes vilões da vida real, na maioria das vezes, são pessoas dotadas de incrível verossimilhança quanto a sua sanidade e domínio próprio, entretanto, são criaturas dissimuladas, entregues aos abomináveis desejos de um interior totalmente manchado de menoscabo. Uns usam terno e gravata; outros, o singelo uniforme de um trabalhador comum. Uns são tios, avôs, padrastos; outros, os próprios pais. Alguns são vítimas de hediondos impulsos carnais; quase todos, também tiveram sua inocência roubada.
Como disse no início, a lei tem um objetivo quase que inalcançável, ou seja, frear o exercício da maldade do homem: mesmo com a mudança no Código Penal e a imposição de penas mais graves a estes ladrões, os resultados mostram-se desanimadores, cada vez mais freqüente tem se tornado tal prática. Muitos que se dizem eminentes, ínclitos ou egrégios, não assumem esta impotência política e fazem repousar a responsabilidade destes fatos sobre a clássica e cética questão: “Se Deus existe, por que não faz alguma coisa?”. Não tenho muito a lhes dizer, a não ser que ao homem foi entregue o mais precioso talento: o livre talante; mais do que isso, mesmo usando de maneira errada este talento, o Todo-Poderoso já fez o que de mais eficaz poderia ter feito; concedeu aos homens a oportunidade de se regenerarem e se arrependerem por meio de Cristo Jesus.
Enfim, por tempestivo e derradeiro trecho bíblico, transcrevo as palavras apocalípticas do apóstolo João: “Mas, quanto aos covardes, e aos incrédulos, e aos abomináveis, e aos homicidas, e aos feiticeiros, e aos idólatras e a todos os mentirosos, a sua parte será no lago que arde com fogo e enxofre, o que é a segunda morte” (Ap. 21:8). Quanto aos ladrões de inocência? Tomara que se arrependam.